Alunos denunciam problemas na UFRRJ em Três Rios

Página no Facebook foi criada por duas alunas do curso de Gestão Ambiental.  

As jovens Marina Barreiros Lamim e Priscila de Araújo Lima, ambas de 19 anos e estudantes do terceiro período de Gestão Ambiental no campus de Três Rios da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro não nasceram no município, mas o escolheram para cursar o ensino superior. Marina é de Macaé e Priscila veio da capital do estado.

Segundo Marina, a felicidade ao passar no vestibular, em fevereiro de 2011, foi grande. “Era um curso que eu já visava fazer e passar para uma universidade federal é melhor ainda. Confesso que me inscrevi para Três Rios sem conhecer a cidade e nunca ter ouvido falar, mas estava decidida a fazer o curso”, lembra. Na época da matrícula, o curso funcionava na Galeria Francklin, no centro da cidade, já que o campus ainda estava em construção. “Nosso curso é integral. A sala era pequena, não tinha ar condicionado e havia muito barulho, tanto vindo de uma academia como da rua, o que tirava nossa concentração. Quando recebemos a notícia de que, até que enfim, iríamos para o nosso campus, fiquei muito feliz e contente, afinal, seria uma campus de verdade. A expectativa era boa, mas, logo no primeiro dia de aula lá, veio outra decepção: ainda estava em obra”.

Segundo a estudante, na época o prédio ainda não estava com energia elétrica e os pedreiros trabalhavam no local. “As salas estavam com muita poeira, muito sujas. A biblioteca e a sala de informática não estavam prontas. Não tinha, e continua não tendo, cantina nem refeitório. Por não ter energia, a água do bebedouro era quente e nos banheiros não havia espelhos e nem papéis higiênicos”.

Priscila completa com a informação de que a energia existia em alguns pontos. “Nós não podíamos ter uma aula de boa qualidade, pois as instalações elétricas ainda não estavam prontas. Os professores não podiam ligar projetor, computadores, senão a energia caía. Nós só tínhamos direito a luz em alguns lugares. Depois de alguns meses, quando as obras acabaram e os outros cursos chegaram, as instalações do Instituto Três Rios (ITR) ainda estavam precárias. Outro problema apresentado por Marina trata-se dos aparelhos de ar condicionado. “Em nenhuma sala de aula tinha o equipamento e, muito menos, ventilador. Ou seja, ventilação zero. E sabemos o quanto Três Rios é uma cidade quente. Resumindo, nos mandaram para o campus completamente inacabado e sem estrutura para nos receber”.

Como o tempo passou e, segundo as estudantes, os problemas continuaram, elas resolveram criar na última semana uma página no Facebook chamada “Rural Perfeição”, para denunciar com humor as deficiências vistas pelos alunos. “Nos inspiramos em uma página chamada ‘Diário de Classe’, que já passou dos 242 mil seguidores. Achamos que voltando a página para o humor, as pessoas se interessariam mais em vê-la e nos ajudar por causa das piadas inteligentes”, conta Priscila.

Marina vê que a página na rede social é importante. “É interessante e legal mostrar isso para a população de Três Rios, que não tem muito conhecimento de tudo que acontece lá. A repercussão está sendo muito boa, com cada vez mais pessoas curtindo. Estou muito feliz com o resultado, pois criamos a página com o objetivo de melhorar o campus para todos nós alunos e, principalmente, para os futuros alunos”. A jovem recorda um episódio que lhe causou revolta. “Uma vez, na nossa aula, estávamos conversando com um professor sobre esses problemas que têm no campus, e ele nos disse: ‘vocês têm que levantar as mãos para o céu e agradecer de estudar aqui, vocês estudam de graça e ainda querem ar condicionado?’. Não vou citar nomes, mas fiquei revoltada em ouvir isso. Em momento algum a gente ’tem que levantar as mãos para o céu e agradecer’, não foi fácil para nenhum aluno entrar. Nos sacrificamos para poder nos bancar para morar em Três Rios e estudar”.

Priscila acrescenta que outros dois acontecimentos foram decisivos para a criação da página. “Recentemente, tivemos um problema com a água. Ela estava imprópria para uso e essa informação não foi passada em momento nenhum aos alunos. Somente após uma denúncia à Vigilância Sanitária foram colados papéis nos murais avisando do problema da água. A outra questão é que estamos em época de eleição para a reitoria e a direção do Instituto deve ser boa para que não seja trocada com a chegada de um novo reitor”. Segundo ela, após três dias de existência da página, a direção quis tirá-la do ar.

Na última segunda-feira (12) a Revista On foi até o campus da UFRRJ para ouvir a direção sobre as denúncias. A diretora, professora doutora Luciana Amorim Nóbrega, não estava na instituição naquele momento devido a compromissos na sede da universidade em Seropédica, no Rio de Janeiro. Na tarde desta quarta-feira (12) foi possível fazer o contato. Segundo a diretora, o Instituto Três Rios ficou sabendo da existência da página através da reitoria da UFRRJ e por uma matéria publicada na edição desta quarta-feira de um jornal da cidade. “Em nenhum momento direção e reitoria tomaram qualquer iniciativa de suspender a página, mesmo porque o Facebook é uma ferramenta pública e pessoal. Cada um utiliza a rede social da maneira que considerar conveniente”. De acordo com a direção, o episódio “não tem relação alguma com a consulta interna para a escolha do reitor da UFRRJ.”.

Priscila cita alguns problemas urgentes do campus Três Rios que denunciou na página do Facebook. “Não temos todos os livros que precisamos na biblioteca e o curso de Gestão Ambiental está em pior estado com relação a isso, tem somente um livro, sobre botânica. Existem matérias que ainda não tem professores contratados para ensiná-las e que precisam de softwares específicos nos computadores para serem dadas, só que a universidade não os compra e acabada colocando genéricos no lugar. Existe o problema dos laboratórios e outras instalações que precisam ser feitas para os alunos poderem se formar adequadamente, nós lutamos por isso praticamente desde o primeiro dia de aula mas ninguém da direção toma uma atitude radical”. Para Marina, o principal problema é a falta de laboratórios. “Precisamos muito deles, são essenciais para nossa formação. Precisamos da prática e não só da teoria, que é o que temos”.

Com relação ao problema da água, a direção informou, em nota enviada à imprensa, que “a cisterna, que foi contaminada pela água da chuva, passou por limpeza, além de ter sido construída mureta para impedir que o problema se repita. O consumo da água foi liberado pelo SAAETRI em 19 de julho de 2012”. Para ler a nota na íntegra, clique aqui.

 

  Mesmo apontando problemas, as alunas ainda veem pontos positivos no campus Três Rios. “Em relação ao corpo docente, nós temos excelentes professores, que raramente faltam, e quando faltam, no caso dos professores que tive contato, se justificam”. Priscila lembra que, hoje, já há equipe para limpeza e seguranças. “E na Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro inteira, ou seja, em todos os campus, temos ótimos professores, com qualificações profissionais excelentes e eles não deixam se abater com a estrutura, tentam nos dar a melhor aula possível. Nos orgulhamos deles”, finaliza.



Segundo as alunas, a biblioteca oferece apenas um livro para o curso de Gestão Ambiental (Foto: Reprodução/ Facebook)

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Fonte: http://www.revistaon.com.br/materias/9742/alunos_denunciam_problemas_na_ufrrj_em_tres_rios?fb_action_ids=381380478596723&fb_action_types=og.likes&fb_ref=.UFE8Gfi0AVY.like&fb_source=message&action_object_map=%7B%22381380478596723%22%3A348973385189265%7D&action_type_map=%7B%22381380478596723%22%3A%22og.likes%22%7D&action_ref_map=%7B%22381380478596723%22%3A%22.UFE8Gfi0AVY.like%22